domingo, 19 de junho de 2016

A gente espera de alguma forma que façam por nós aquilo que fazemos





Das grandes decepções que já vivi, a tristeza maior sempre foi a certeza latente de que aquilo que faço não me será retribuído e isso de certa forma é completamente distante até mesmo do que Cristo ensinou, que era resumidamente “Dar sem esperar nada em troca”. 

No fundo, a gente espera algo em troca, espera que as pessoas nos tratem como as tratamos, que nos sejam como fomos com elas.

Obviamente que este dar, para a maioria das pessoas, pode estar muito mais relacionado com objetos do que com sentimentos, com subjetividades, mas todas as vezes em que me entristeci foi pela certeza de que com o mesmo esmero que dou o meu amor e dedicação não me retornam nem na metade da intensidade... E aí, a sensação que me inunda é a de que sou ser miserável. Eu quero que me retribuam o que dei deliberadamente? E se quero algo em troca será que o que ofereci foi realmente deliberadamente?

De verdade, não sei como se procede diante de situações assim tão complexas, mas tenho pensado que talvez seja necessário canalizar o que há em mim de liberal e de tão verdadeiro àquilo que clama em alguma parte do meu país e do mundo. Sim, falo de uma missão maior, de uma missão que envolva mais, bem mais que essas minhas pretensões humanas que demandam algum retorno. Incrível como lá no fundo a gente espera um retorno.

E estou sendo muito, mas muito louca em me confrontar escrevendo, porque já escrevi em outros momentos sobre dar, emanar e esperar o retorno do Universo. Mas, esse retorno do qual já escrevi, talvez demande mais do que boas ações, porque como diz o velho ditado “de boas intenções o inferno está cheio”.

A gente espera de alguma forma (a maioria das pessoas) que façam por nós aquilo que fazemos, mas isso provavelmente será retornado vagamente em algum momento, em alguma parada, em alguma esquina e pode ter certeza, inesperadamente.

O retorno é inesperado e não virá daqueles a quem demos o nosso melhor deliberadamente, o retorno vem de onde menos se espera, e nem sei se pode ser chamado de retorno, mas talvez seja uma maneira que Deus de forma muito sábia encontrou para fazer descansar um pouco esses corações tão decepcionados e tristes com seres humanos.

Nós também já decepcionamos, nós já não retornamos e pensar sobre isso é sempre importante para que a angústia não tome conta da alma e se dissipe no vento da vida.

Talvez nunca façam o mesmo por você, mas tudo que fazemos de verdade e de coração nos planta algo para a vida e depois dela.

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