domingo, 16 de março de 2014

NÃO HÁ NADA PIOR QUE NÃO POSSA SE TORNAR O MELHOR



Segundo a pessimista ou realista Lei de Murphy, não há nada ruim que não possa piorar. Tenho vivenciado situações que me remetem à frase e sem problema em admitir, em vários campos da vida, incluindo o clichê campo sentimental. 

Pessoas ruins estão por toda parte, e muitas nem sequer param para pensar na falta de verdade que têm consigo mesmas. Com meus vinte e poucos anos (vinte e todos), posso vivenciar a frase que ouvia ainda criança e no início da adolescência, minha mãe dizia: já estou calejada. E sim, não em todos os campos, mas em alguns, me sinto calejada. Assim como no dia em que achei que seria violonista e passava horas treinando com meu violão (risos) e perdi parte da sensibilidade dos dedos, chegou um momento em que ao contrário, me esforço para não perder a sensibilidade e a fé na vida.

Não me ausento da penitência por na maioria das vezes ser a principal adjuvante diante das situações ruins que me ocorrem, essa mania em querer seguir apenas o meu coração não é a melhor fórmula... sempre penso que é a fórmula certa.

Nessa tentativa em acertar, venho colecionando cicatrizes e me “esborrachando” em erros grotescos. O que me conforta são as situações que me surpreendem entre uma queda e outra, tenho tido a oportunidade de conhecer pessoas adoráveis, fazer amigos de fato amigos, e a vontade em melhorar tem feito com que eu tente obstinadamente até alcançar bons resultados. 

Não tenho preguiça de viver, e não me sinto condenada à Lei de Murphy, não acho que se algo ruim piora, pode ser o pior que pode acontecer, o pior na verdade é quando nada acontece (bom ou ruim) que desperte para algo que possa ser melhorado. 

Muitas coisas ruins têm piorado nos últimos meses, é verdade, mas como minha mãe me dizia quando eu fazia meus dramas: já estou calejada, não insensível, mas mais forte do que antes, mais confiante do que antes.

Li um livro muito especial, tinha 11 anos de idade, o título era o seguinte: “No fim dá certo: se não deu é porque não chegou ao fim” do querido Fernando Sabino, pouco tempo depois que terminei de ler o livro, o autor falecia no Rio de Janeiro e eu me lembro de considerar: chegou o fim para você Fernando Sabino porque deu certo. 

No fim dará certo, e o dar certo nem sempre é o melhor, é o mais lindo, é o que se sonhou, muitas vezes o abominável pior é o melhor que poderia ter acontecido, é o pus que faz com que a ferida seja tratada devidamente, é o que gera a cicatriz. 

Cicatrizes ao contrário do que pensam, não são esteticamente desagradáveis, cicatrizes guardam histórias, têm peculiar beleza, e quando estão fincadas na alma, levam à sensação de paz e força para as próximas batalhas.

Não há nada pior que não possa se tornar o melhor.












domingo, 5 de janeiro de 2014

MINUCIOSOS DETALHES





Nos últimos anos tenho feito grande esforço para me sentir motivada e o que me motiva são os pequenos e quase imperceptíveis detalhes. Do que me dizem, das milhões de palavras, escolho apenas algumas, ou... não escuto nenhuma.
A literatura me faz bem, me sequestra em alguns momentos, me anestesia, me encanta... Os desenhos animados em sua maioria me levam a algum lugar distante por alguns instantes. Os animais me alegram, me despertam a protegê-los, a sentir a minha humanidade.
Certa vez ouvi: Existem várias formas de morrer, mas a mais letal é a vida...  Não me lembro perfeitamente das palavras utilizadas na pronúncia, por isso a probabilidade de estar sendo infiel na transcrição é gigantesca. Mas sim, viver é exaustivo, e não é na maioria dos dias doce ou alegre, graciosamente é intercalada por momentos longos de tristeza... sim, graciosamente, a tristeza é o que torna a vida agradável, o que leva a pensar, o que leva às considerações que jamais poderiam ser realizadas se o coração estivesse alegre.
A cada dia procuro me abstrair do mundo maluco no qual vivo, me deixando envolver pelos pequenos, minúsculos detalhes que me rodeiam. Certo dia, no caminho do trabalho, ao entrar no trem (estressada), um homem atrás de mim com seu filho e num tom de voz instintivo disse: Vamos minha filha! Ah, em minha mente tantos pensamentos e palavras torpes foram proferidas... (risos)
Mas enquanto o trem se locomovia e quando o barulho das vozes se dissipava pelo estresse de todos e pelo cansaço também, pude ouvir um diálogo entre aquele homem e seu filho de aproximadamente sete anos de idade. O garoto estava indo para a casa do pai, talvez os pais fossem separados... Aquele homem aconselhava seu filho, pedia para que o menino se esforçasse e dizia que se ele fosse morar com ele não teria uma vida de videogames e diversão, teria que estudar, se esforçar... O garoto ouvia quieto com aparência doce para o pai. O homem tinha aparência simples, o que me chamou a atenção foi a doçura, os olhos lacrimejantes e vivos enquanto falava com o filho. Ele dizia ao filho para que estudasse, porque ele teve a oportunidade, mas pelas condições difíceis de vida não pôde prosseguir. O que mais me tocou foi a lembrança dele do ano e série em que parou de frequentar a escola, os quais mencionou algumas vezes... não me recordo dos números, mas percebi que aquele homem tinha se abdicado de algo que gostava e desejava muito que era estudar, e não queria, de forma alguma, que ocorresse o mesmo ao seu filho, eu senti olhando aqueles olhos lacrimejantes, que ele jamais permitiria que o filho abandonasse os estudos. Aquele era o detalhe que o motivava, que o entristecia e que mantinha sua ferida aberta. Aquele homem não tinha uma cicatriz, era uma ferida exposta. Me senti péssima no decorrer da narrativa daquele homem, por tê-lo amaldiçoado em pensamento enquanto pensava apenas no meu detalhe (estresse) diário em um transporte público.
Detalhes, os pequenos, os mais escondidos, capazes de abrir feridas ao mesmo tempo em que dão sentido à vida. É o que me desperta, me liberta, me torna mais próxima do que sou, mais próxima da humanidade. São os minuciosos detalhes que tornam a existência grandiosa.