domingo, 3 de novembro de 2013

O MEU MUNDO EM PRETO E BRANCO



             


Para falar de cores primeiramente lhes apresento o meu mundo em preto e branco, e diferente do que muitos podem pensar, não se trata de um mundo apenas “mórbido” ou “triste”, mas do meu mundo, minha condição... em preto e branco.

Um mundo saudosista, muito mais triste do que alegre, mas imensamente intenso e sedento, diversas vezes redundante e incoerente, mas escandalosamente vivaz. Sim, em preto e branco e... vivaz!

No meu mundo em preto e branco eu posso mergulhar inúmeras vezes em labirintos linguísticos sem me preocupar com o caminho de volta, aliás, a intenção é não encontrar caminho algum. Tenho o conforto de ser o mistério que sou sem que me questionem quais mistérios são estes. Aliás, nem eu mesma sei.

Não há nada mais brilhante que eu possa considerar no planeta Terra do que a existência das cores, mesmo em meu mundo “sóbrio”, não posso deixar de me sentir seduzida pelo brilho cromático capaz de colorir os fachos negros mais sublimes, e diferente do que muitos podem pensar, embora o oposto de um mundo em preto e branco, as cores diversas vezes surgem para me surpreender.

Será que um mundo “sóbrio” pode ser habitado por alguma cor?

Segundo a teoria de cor-luz, o preto representa a ausência de todas as cores e o branco, a soma de todas as cores, essa teoria diz que as cores só podem ser enxergadas com a presença da luz. Diante dessa constatação teórica eu tenho todas as cores e nenhuma cor em meu mundo em preto e branco, e isso humoristicamente me faz constatar as delimitadas nuances do meu modo de existir.

A palavra talvez não existe no meu mundo, o mais ou menos não existe no meu mundo, as poucas lágrimas não escorrem no meu rosto em dias de tristeza, não há o riso contido em deleites de humor, não há pouco no meu tudo de existir, mas se houver pouco, é a mais escassa miséria, insuportável, cerrada sequidão.

Se existo quero exalar e que seja o mais fétido odor se em minha alma houver escuridão, 

Se sorrir, que seja o mais verdadeiro e delicioso riso, 

Se sentir dor, que seja a sensação mais dolorosa já experimentada,

Se for para me apaixonar, que seja a loucura mais insana já vivenciada, 

Se for para viver, que haja vida!

Não saberia jamais viver sem toda a intensidade que há, não conseguiria suportar apenas uma dose do cálice dos “deliciosos” e “angustiantes” drinques que a vida pode oferecer.

Em meu mundo em preto e branco, há toda cor e nenhuma cor, ora a mais insana e espetacular apresentação cromática, ora a mais sublime escuridão, talvez o motivo de não me compreenderem esteja na presença do preto impedindo que enxerguem as cores existentes no branco.

Embora componham meu mundo, são duas cores impenetráveis e incapazes de se encaixar. Se completam, mas não podem dialogar, são as cores do meu mundo, o meu doce e amargo, bem quisto e odiado, opostos eternos.

O meu mundo em preto e branco sem cor alguma e com todas as cores que nem todos os mundos são capazes de suportar. O mais colorido e a mais densa escuridão. 

Me tenha, mas saiba que há um mundo como esse habitando em mim.