domingo, 13 de março de 2016

EU NUNCA VOU ME ADAPTAR



Na contramão sigo porque é o melhor caminho. Por que preciso pensar como querem que eu pense? Por que preciso me render ao que o gênero ao qual pertenço dita sobre o meu comportamento? Por que preciso me render a um gênero?

Por que preciso me inspirar em alguém? Qual o problema de ter a minha própria vida como base para escrever sobre o que eu quiser, sobre verdades, inverdades ou insanidades?

Há uma pauta para ser o que se é?

Eu não sei... Eu não sei.

Será que eu falei o que ninguém ouvia? Será que eu escutei o que ninguém dizia? Não, eu não vou me adaptar...

Eu poderia me conformar, simplesmente me conformar com as coisas e dizer como muitas pessoas dizem: a vida é como é! Tomar no cu! Por que preciso me conformar? Por que preciso de uma fórmula? Por que preciso fazer como fazem para ter resultados? E se eu não quiser os mesmos resultados?

E se eu quiser escrever cu? E se eu quiser escrever meia dúzia de palavrões? Eu estaria sendo arrogante, tosca ou mal educada? Não, eu prefiro passar a vida na sombra real do que viver na falsa luz.

Eu prefiro não ter dedos a escrever coisinhas “fofas” apenas porque é assim que acham interessante.

Eu não vou me adaptar, eu não vou me render, eu não vou fazer o que querem que eu faça se for às custas da minha liberdade em ser humana.

Eu não caibo só nas roupas que eu cabia antes não, eu não caibo em uma porção de espaços por aí. Eu não vou sorrir se eu não quiser. Eu não vou ficar de boca fechada se na verdade quiser cuspir.

Eu não acredito nos seres normais. Eu não acredito em pessoas que se mostram lindas e comportadas. Não, eu acredito em D. Pedros, nas princesas Leopoldinas, eu acredito nos que têm suas bonecas como filhas porque simplesmente não se acham capazes da responsabilidade de cuidar de gente.

Eu quero ter a liberdade de dizer. De ser quem sou. De viver como sou. De mudar quando for preciso, mas porque realmente quero e não porque dizem como devo ser.

Um dia vi um homem, drogado na rua, cagando enquanto os carros passavam e as pessoas claro, rindo e outros dizendo “O que a droga não faz!”. Pois melhor cagar sim, na frente das pessoas do que cagar com atitudes nas costas dos outros. Melhor escrever cagar ou palavrões do que “beijos de luz” ou “flor” ou “miga”. Melhor ser quem se é com todas as falhas, com todos os erros de percurso do que ser aquilo que planejaram, que foge do que se é, do que não cabe.

Prefiro prosseguir assim, nessa “coisa” que alguns podem chamar de má educação, que outros podem chamar de loucura, que outros podem chamar de rancor, mas que eu chamo de seguir o caminho certo, o único caminho que pode me manter viva e sem doenças emocionais. O não habitual, mas o único caminho que me cabe.

Por que preciso me adaptar ao mundo ou ao planeta? Por que o planeta não pode se adaptar a mim? E se o planeta não pode se adaptar a mim por que preciso me prostrar ao invés de brincar de cabo de guerra com ele?

Não, Arnaldo Antunes, não, Nando Reis, eu não vou e não quero me adaptar.

Não vou me adaptar - Nando Reis

Texto escrito para o Barasa Plutônica


Nenhum comentário:

Postar um comentário