quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

FECHANDO OS OLHOS




Ás vezes ressaltar o que é ruim se torna uma síndrome, sim, muitas vezes me percebo considerando mais o que de ruim acontece do que ao contrário. Simples, isso se deve ao fato de que mais coisas ruins costumam acontecer, e ás vezes sonhar com o que é bom parece acolher frustrações à medida que não é realizado.
Eu tenho um lugar particular e alheio a tudo que de ruim acontece, um lugar só meu, um retiro calmo e silencioso, uma paixão revigorante e em constante ebulição...eu amo escrever, e é delicioso poder ser livre em mim mesma, as palavras me dão essa certeza, certeza de quem eu sou, eu sou o que escrevo.
Engraçado a forma com a qual as palavras me incomodam, de repente estou pensando e elas começam a se compor dentro de mim, se alinhar na minha mente, não há ordem, não há como impedir que sejam abortadas dos meus pensamentos e  do meu coração...e então me ponho a escrever.

ACORDANDO DENTRO DE MIM         
De todos os livros que eu li neste ano, o que mais me marcou foi o livro “O Olho da Rua” de Eliane Brum, e uma das coisas que Eliane cita é a importância de um olhar sem preconceitos, a importância de se esvaziar e perceber a realidade pelo olhar do outro, e percebi que não se tratava apenas de algo crucial para um jornalista, é crucial para ser gente.
As histórias reais me despertaram para dentro de mim mesma, me vi sem algemas, com igualdades, medos, dores, limitações, mas também me despertei para me aceitar, entender que algumas circunstâncias não poderão ser mudadas por mim, e isso não é covardia, nem tudo pode ser mudado.
Diversas vezes já julguei e diversas vezes me senti paralisada por julgamentos, já fui mesquinha algumas vezes e já me envergonhei por isso logo em seguida. Me senti humana, nem mais, nem menos, mas humana, vi nas diversas narrativas do livro em alguns momentos a minha própria imagem.
Me imaginei em um asilo, me imaginei em um leito, me imaginei na Brasilândia, me vi entre as mães que perderam seus filhos para as drogas e o crime, me vi entre os nus, sim, eram pessoas despidas, de alma à mostra, pessoas que precisavam dizer algo, ou diziam sem perceber que precisavam dizer.
Entendo que erros e acertos caminham tão juntos, que discernir se chama viver. Aí por um momento não me contive em ser passional, não me julguei por ser carne viva, não me limitei, eu não farei mais isso comigo, deixarei para que outros o façam, terei compaixão de mim mesma e da minha humanidade.
E agora tenho uma grande aspiração na vida: ser gente, me enxergar como igual, não sou diferente de nenhuma das pessoas com as quais tive contato por meio do livro e nem das demais por meio da vida, mas além de ser igual é importante enxergar com o olhar do outro, sem preconceitos, sem reservas.

                                                                       








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